Maricá/RJ,

A POÉTICA DA ANCESTRALIDADE EM POEMAS DE CONCEIÇÃO EVARISTO



                                                                              Marcos Fabrício Lopes da Silva* (UFMG

O filósofo alemão Walter Benjamin, em “Experiência e pobreza”, de 1933, já nos alertava que a supressão dos antecedentes históricos como atitude pragmática de validar os acontecimentos atuais, prejudica a compreensão processual acerca da série elementar que compõe a totalidade do acervo cultural produzido coletivamente: “ficamos pobres. Abandonamos uma depois da outra todas as peças do patrimônio humano, tivemos que empenhá-las muitas vezes a um centésimo do seu valor para recebermos em troca a moeda miúda do ‘atual’” (BENJAMIN, 1994: 119). Esta “obsessão evolucionista”, no entender de Mario Sergio Cortella (2005, 151), se apóia em pelos menos três tipos de preconceitos: a) o passado é sinônimo de atraso e ignorância inocente; b) a verdade é uma conquista inevitável da racionalidade progressiva; c) a ciência é instrumento de redenção da humanidade em geral. Tal mentalidade dominante não abre espaço para a relatividade histórica e nem para a compreensão das condições de produção do conhecimento; mais ainda, deixa entrever a fatalidade dos destinos coletivos a serem conduzidos apenas e unicamente por aqueles homens que partilhem do acesso exclusivo ao mundo do saber. Verifica-se, nesse sentido, a formação elitista de uma ‘cúpula de notáveis’, em detrimento da composição pluralista de “coletivos pensantes” (LEVY, 1993), compromissados em promover epistemologicamente o compartilhamento de saberes, o que vai de encontro ao modelo convencional de concentração de poder, responsável, dentre outras coisas, pela propagação generalizada de que existe um pensamento único que nos governa.

Para ler na íntegra clique aqui

* Doutorando em Estudos Literários pela Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais 
(Bolsista de Doutorado do CNPq). Mestre em Literatura Brasileira pela mesma instituição. Jornalista, 
formado pelo Centro Universitário de Brasília (UniCEUB). Poeta, autor do livro Dezlokado (2010).


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