Entrevista publicada no livro Malungos na escola - questões sobre culturas afrodescendentes e educação - Edimilson de Almeida Pereira, São Paulo, Paulinas, 2007.
EAP: Em suas palestras, você costuma dizer que a convivência em família, especialmente com sua mãe, foi decisiva para lhe despertar o gosto pela arte de contar histórias. Como foi essa convivência? E que histórias você ouviu de sua mãe? Sim e gosto de afirmar, eu não nasci rodeada de livros, nasci rodeada de palavras. Na minha casa, sempre falamos muito, parece que falar tinha efeito diluidor da pobreza, a miséria material que nos cercava. Minha mãe, mulher de silêncio, para as suas dores íntimas, nos contava histórias, cantava conosco, fazia brincadeiras, construía nossas bonecas, bruxas de pano e de capim. Não tínhamos rádio e a televisão, acho que nem existia naquele tempo. Essas brincadeiras, que aconteceram ainda na minha primeira infância, mas são tão vivas em minha recordação.
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