Ela era ativista por direitos civis e foi condecorada por Obama em 2010.
Escritora foi ícone da literatura no país; ela foi achada morta nesta quarta.
Do G1, em São Paulo
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A poeta e ativista Maya Angelou participa da Convenção
Nacional do Partido Democrata em Boston em 27 de julho de 2004
(Foto: Gary Hershorn/Reuters) |
A poeta Maya Angelou morreu, aos 86 anos, anunciou a Universidade de Wake Forest na manhã desta quarta-feira (28). Ela foi encontrada morta por sua enfermeira, e a causa não foi divulgada. Também era conhecida como ativista pela igualdade racial, ela trabalhou com Martin Luther King e Malcom X, informa seu perfil no site Poetry Foundation.
Admirada por diversos músicos, Maya leu um poema chamado "We had him" no funeral de Michael Jackson, em 2009. Ela também influenciou cantores como Steven Tyler, Fiona Apple e Kanye West. A apresentadora Oprah Winfrey considerava Maya sua mentora.
Maya Angelou nasceu em St. Louis, Missouri, nos EUA. Ela também trabalhou como cantora, dançarina, atriz, dramaturga e compositora. A artista ganhou o Grammy e outros prêmios em diversas áreas artísticas. Ela teve uma infância pobre, na época de alta segregação racial nos EUA. Ainda aos 17 anos, ela se formou na escola e teve um filho, Guy. Nesta época, começou a trabalhar e foi a primeira motorista negra em San Francisco, segundo o Poetry Foundation.
Como escritora, sua obra tem forte marca autobiográfica. Maya foi aclamada já em seu primeiro livro, a autobiografia "I know why the caged bird sings" (1969), que fez dela uma das primeiras escritoras negras a ter um best-seller nos Estados Unidos.
Na obra, ela se lembra de que, quando tinha apenas sete anos de idade, foi estuprada pelo namorado da mãe. O homem acabou sendo morto pelos tios de Maya, que se sentiu responsável pelo desfecho do episódio e passou os próximos cinco anos sem falar qualquer palavra.
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Maya Angelou recebe a Presidential Medal of
Freedom das mãos de Barack Obama
(Foto: Larry Downing/Reuters) |
Presidentes
Maya Angelou fez parte do comitê de dois presidentes dos Estados Unidos: Gerald Ford em 1975 e Jimmy Carter em 1977. Em 2000, ela recebeu a Medalha Nacional das Artes do então presidente do país, Bill Clinton. Em 2010, foi recebeu, das mãos do presidente dos EUA, Barack Obama, a mais alta condecoração civil americana, a "Presidential Medal of Freedom".
Em seu discurso na cerimônia, Obama afirmou: "Com sua poesia ascendente, sua prosa elevada e seu domínio de diversas formas de arte, a doutora Angelou falou à consciência da nossa nação. Suas palavras comoventes nos ensinaram como alcançar [o que queremos] mesmo em meio ao separatismo e honraram a beleza de nosso mundo".
No início de sua fala, Obama lembrou-se da história trágica de Maya e de como a autora foi uma influência em sua família. "Quando era uma garotinha, Marguerite Ann Johnson sofreu trauma e abuso, que a levaram a ficar muda", afirmou. "Mas, como performer, e finalmente como escritora, poeta, Maya Angelou encontrou a sua voz própria. É uma voz que falou a milhões, incluindo minha mãe, e esse é o motivo pelo qual minha irmã recebeu o nome de Maya."
'Emergência médica'
Nesta segunda-feira (26), em seu perfil no Facebook, a artista escreveu que teve um problema de saúde, sem no entanto especificá-lo: "Uma inesperada emergência médica me causou grande desapontamento por ter de cancelar minha visita ao jogo comemorativo pelos Direitos Civis da Major League Baseball [liga profissional de beisebol dos EUA]. Estou muito orgulhosa de ter sido escolhida como homenageada. No entanto, os médicos me disseram que não seria aconselhável viajar naquele momento. Meu obrigado a Robin Roberts por falar por mim e e obrigado a vocês por todas as suas orações. Estou melhor a cada dia".
Autobiografias
Depois de "I know why the caged bird sings", que abarca o período até seus 17 anos de idade, Maya publicou outros seis volumes de sua autobiografia: "Gather together in my name" (1974), "Singin' and swingin' and gettin' merry like Christmas" (1976), "The heart of a woman" (1981), "All God's children need traveling shoes" (1986), "A song flung up to heaven" (2002) e "Mom & me & mom (2013).
A artista foi escolhida por Bill Clinton para ler sua primeira cerimônia de posse, em 1993. O texto original lido foi "On the pulse of morning", que também se tornou um best-seller.
Fonte:htt//g1.globo.com/pop-arte/noticia2014/05//poeta-maya